Constelação familiar é uma técnica terapêutica, que possibilita num único encontro, a identificação e transformação de padrões familiares transmitidos de geração para geração, impactando em nossa vida e sistema familiar atual. Esses padrões repetitivos atuam como se fossem uma “maldição”, são marcas registradas na família como, por exemplo, dificuldade nos relacionamentos, vícios, depressão, doenças, problemas financeiros, trabalhos mal remunerados ou desmotivadores, traição, abortos, etc. Esses padrões foram estudados pelo alemão Bert Hellinger que acabou descobrindo que, para se manter o sistema familiar em equilíbrio, é necessário que o amor nesse sistema esteja em “Ordem”. Para tal existem 3 princípios, chamados de Leis ou Ordens do Amor e quando observadas e obedecidas, o sistema segue em paz:
LEIS OU ORDENS QUE DIRECIONAM A CONSTELAÇÃO FAMILIAR
1° PERTENCIMENTO
Quanta gente precisou existir para que você tivesse vida? Já parou para pensar nisso? Quem pertence a seu sistema familiar?
Pertencem ao sistema os pais, avós, bisavós, pessoas que mudam drasticamente o sistema familiar, seja por uma herança, abuso, assassinato, etc.
Exemplo de desordem: Abortos espontâneos ou provocados. Em quaisquer das situações, o bebê não é inserido no sistema familiar, ou seja, há aí um excluído e toda vez que há um excluído, alguém nas gerações seguintes, por amor, representa-o, na tentativa de fazer com que a partir dele, volte a pertencer. No caso de abortos, é comum que irmãos também se identifiquem com o que não nasceu, e quer viver por dois; consequentemente não para, faz um monte de coisas simultaneamente e está sempre insatisfeito. Em outro polo, são crianças que vivem se acidentando ou são muito quietinhos, quando se observa a constelação pela identificação, desejam seguir o que não nasceu.
2° HIERARQUIA
Para o Sistema Familiar existe uma ordem imutável: quem veio primeiro é sempre o primeiro. Na ordem Eu, que vim por último, atrás de mim, meus pais, avós, bisavós e essa é a ordem. Quando quero cuidar dos meus pais como se fosse mãe/pai deles interrompo o fluxo do Amor, porque a energia deles vem dos pais deles e a minha não vem dos meus avós e sim dos meus pais, que também não tem energia porque estou no lugar dos pais deles. Ao respeitar a ordem, volto para o lugar de filha e a partir desse lugar, posso cuidar dos meus pais – como filha pequena.
As Constelações Familiares mostram as desordens também no caso de filhos que assumem o lugar do pai ou da mãe, no cuidar da família ou dos próprios irmãos. Esse é um amor em desordem e quando há uma desordem o fluxo do Amor é interrompido, afinal de contas somos sempre pequenos diante de nossos pais. Quando nos colocamos nessa condição, podemos ser grandes diante da vida, porém, quando desejamos ser grandes diante deles, nos tornamos pequenos diante do mundo.
Só posso ser parceira ou ter um parceiro, quando estou no lugar de filha e se saio desse lugar, outra mulher ocupa o lugar. Costumo atender casais com o tema “traição” e quando digo que metade da responsabilidade é de cada um, há um profundo silêncio na tentativa de descobrir que lugar se ocupou. Nessa reflexão a pessoa sai do lugar de vítima e passa ser protagonista da própria história. Cada um assume sua responsabilidade e cessa a busca do culpado. Aqui ambos crescem.
3° DAR E RECEBER
Na Constelação Familiar, a meu ver, essa lei é a mais difícil de manter o equilíbrio. Os pais dão a vida e isso deveria ser o suficiente para que os filhos seguissem a vida adiante, os filhos deveriam “Tomar” essa vida e fazer o melhor com ela.
As desordens começam quando os pais querem “Dar” aos filhos o que não tiveram, sem levar em conta se eles precisam de tudo ou não ou quando os filhos têm expectativas de que os pais deem além do que já deram. Quando os pais dão muito torna os filhos dependentes como bebês e nesse lugar, deixam de fazer tudo que poderiam fazer de melhor com suas vidas, permanecendo na condição de “pequenos” diante da vida.
Outro exemplo são os relacionamentos afetivos, quando um dá mais que o outro, se não existe a honestidade para dizer ao parceiro, as brigas começam por pouca coisa ou sempre pelo mesmo motivo. Quando um casal briga mais de cinco vezes pelo mesmo motivo, existe um motivo maior de pano de fundo – alguém está dando mais que recebendo e toda vez que dou mais que recebo, há uma voz interna que diz: Quando é que vai chegar a minha vez? Quando há honestidade ambos se responsabilizam pelas consequências e o fluxo da vida pode seguir em ordem.
Quando alguma destas leis está em desordem gera uma exclusão e o fluxo do amor é interrompido. Toda vez que há um excluído, alguém nas gerações seguintes o representa, tendo comportamentos inconscientes onde acabam fazendo exatamente igual. Esse comportamento é o que chamamos de Amor em Desordem e atua com a única intenção de reinserir o excluído ao sistema. A partir dessa inclusão o fluxo do amor se reestabelece . A cura do sistema familiar só é possível a partir de você, da sua postura diante de tudo que veio antes. Nada é possível mudar em relação a nossos antepassados. Só cabe a cada um respeitar e aceitar tudo do jeito que foi. Esse é o grande SIM na constelação familiar. Tudo foi e está exatamente do jeito que tinha que ser.
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