Para mim, são pequenos presentes colocados em nosso caminho por uma consciência maior, a serviço da evolução humana.
A partir dessa concepção, cada oportunidade que surge em nossa vida vem sempre acompanhada por duas possibilidades, que nos levam a seguir da melhor forma segundo nosso nível de consciência e a partir dele, fazemos a melhor escolha, consequentemente embora apresente dois caminhos, a cada oportunidade temos apenas uma opção a ser feita:
- 1)Aceitar, mesmo que a princípio pareça ser algo muito grande, com barreiras intransponíveis. Quando aceitamos, encaramos de frente a oportunidade e dizemos Sim aos presentes que a vida disponibiliza diante dessa porta, assim, podemos seguir em frente motivados e fortalecidos por esse novo desafio.
- 2)Abrir mão e fingir que não percebeu ou viu a oportunidade em sua frente. Quando damos uma de morto, somos movidos pelo medo do que pode vir a acontecer caso não consiga atingir o “melhor ou suposto”resultado esperado e normalmente o julgamento e condenação são os maiores medos que aprisionam as oportunidades, pois estão associados a exclusão, abandono e não pertencimento.
Nesta perspectiva, para cada escolha há um lugar interno que renuncia ou não ao status de pertencer.
Ao escolher aceitar, encarar a oportunidade e fazer dela independente do resultado, um grande momento de expansão e crescimento, estamos sendo conduzidos pelo EU Adulto que sabe seu lugar no sistema familiar e no mundo, assume riscos, consequências e agradece aos aprendizados. Quando se é ou está sendo movido pelo EU Adulto as oportunidades surgem e os desafios não são vistos como castigo, são considerados como os mais perfeitos professores de vida; nesse caso, saímos da condição de vítimas e ocupamos o de protagonistas, donos do próprio destino, o que não quer dizer que não tenhamos medo, mas mesmo com ele, escolhemos seguir em frente. O medo passa a ser um analista interno que nos faz seguir com um cuidado maior, mas não nos paralisa.
Ao ser conduzido pelo EU Criança Interior, abrimos mão da ousadia e do fazer diferente pelo medo de “algo dar errado”; vale lembrar que a criança repete o script vivido e assim como na infância, se ela esperava e não recebeu suficiente validação a partir dos 4 AS (Aceitação, Afeição, Atenção, Apreciação) hoje enquanto adulto não será diferente pois em seu mindset, tem plena convicção de que se fizer algo imperfeito, não receberá a compensação que busca, ao contrário será julgada, excluída e abandonada pelas pessoas que lhe são caras.
Como a criança não tem dúvidas em relação a essa exclusão e sendo a dona da certeza provoca insegurança no EU Adulto, acionando a luz interna que representa sinal de perigo eminente e em nome dele, faz com que o adulto permaneça inconscientemente com medo e na zona de conforto.
Quando se está sendo protegido pelo EU criança, ela nos paralisa muitas vezes e sem perceber fazemos mais do mesmo, pois este a seu ver é o único modo de garantir o pertencimento e de que não haverá a mínima chance de corrermos o risco de ousar e falhar.
A partir desse olhar temos com as oportunidades “presentes” da vida, a chance de conscientemente fazer escolhas e renúncias, mas além da consciência de quem está no comando de nossas vidas – se o EU Adulto ou o EU Criança, precisamos nos ater também a outros aspectos:
- Saber o que ou quem mais dentro de nós está interferindo na decisão
- O que nos motiva a tomar uma decisão ou outra.
Se toda oportunidade nos move para o crescimento, faz sempre pelo melhor caminho; seja provocando internamente e fazendo renunciar a zona de conforto, ou nos paralisando. Ao termos como única certeza o fato de não sabermos nada em relação ao futuro, seguimos o fluxo da vida e mesmo sem ter a total previsibilidade dos resultados, nos entregamos ao processo e abrimos caminho para as infinitas possibilidades.
Vou trazer um exemplo muito comum dessa dualidade frente as oportunidades: quando se recebe um convite para sair num dia frio, chuvoso e você decide aceitar ao invés de ficar no conforto de sua casa, tem a oportunidade de conhecer pessoas novas, lugares, culturas diferentes e consequentemente de ser melhor a cada momento; esse simples movimento de escolher e aceitar esta oportunidade precisa de uma autorização do seu Eu Adulto; já para quem está sendo movido pelo Eu Criança, pode levá-la internamente ao momento que ouvia: “dia de frio é pra ficar em casa, quentinha, encolhida debaixo do cobertor, com televisão, chazinho e bolinho de chuva”. Estas falas de adultos – pais, avós, tios ou cuidadores, se transformam em crenças que impactam de forma negativa gerando o medo da exclusão pelo sistema familiar.
Esse medo surge na medida que se escolhe fazer algo muito diferente do que eles souberam fazer, mas estas falas acontecem por maldade dos pais ou cuidadores? Não. Existiu amor! e é em nome dele que a criança vai formando aliança com vários outros EUs para que juntos, nos auxiliem prevenindo de fazermos algo inadequado que pode trazer consequências desastrosas como o risco do não pertencimento; assim, crenças também são um dos fatores que nos paralisam diante de escolhas e precisam ser considerados frente as oportunidades.
Mas Eunice como minimizar a possibilidade de agir pela criança ou dos outros EUs que atuam em mim, sem que eu saiba?
Simples e vou trazer 3 passos a serem observados frente as oportunidades e se sentir dividida(o) entre o seguir ou não:
1- busque auxílio profissional
2-diga SIM antes de dizer NÃO, o simples ato de aceitar abre a visão para reais possibilidades
3-questione a si mesma ao menor pensamento advindo do E S der errado? E SE não conseguir? E SE der muito certo? E SE meus amigos souberem? E SE minha família souber?
Todas indagações se respondidas com verdade ampliam a consciência e indicam quem mais está no comando, permitindo aproveitar melhor as oportunidades.
Ao serem negligenciados se tornam no carro da vida o freio de mão puxado e por mais que acelere não sai do lugar.
Vivenciar o autoconhecimento a partir do Eu Adulto mesmo com medo não é fácil, mas é uma escolha possível e se precisar de ajuda, será um prazer acompanhar seu desenvolvimento.
Vamos começar?
Eunice Porto